tag:blogger.com,1999:blog-5839923738977540522023-11-15T13:57:11.897-03:00Avesso das CoisasJulianahttp://www.blogger.com/profile/17839113121983473193noreply@blogger.comBlogger16125tag:blogger.com,1999:blog-583992373897754052.post-29699686021528919402009-05-03T13:56:00.001-03:002009-05-03T13:58:45.180-03:00IntrospectoEu só quero estar<br />Sem pensar no desenrolar.<br />Não devo completar<br />Apenas olhar, <br />Deliciar.<br />No meu divã interno<br />Um tanto eterno<br />Por se ver esquecido<br />Grita,<br />Ao ver-se despido.<br />Eu sinto o acaso<br />Fazer de mim descaso<br />E ao ver meu embaraço<br />Num passo<br />Me desfaço.Julianahttp://www.blogger.com/profile/17839113121983473193noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-583992373897754052.post-52906468567201928202009-04-19T22:20:00.004-03:002009-04-19T22:25:27.835-03:00Estranhar e perder-se<meta equiv="Content-Type" content="text/html; charset=utf-8"><meta name="ProgId" content="Word.Document"><meta name="Generator" content="Microsoft Word 11"><meta name="Originator" content="Microsoft Word 11"><link rel="File-List" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CADMINI%7E1%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtml1%5C01%5Cclip_filelist.xml"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" latentstylecount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><style> <!-- /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} @page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} --> </style><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:10.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-ansi-language:#0400; mso-fareast-language:#0400; mso-bidi-language:#0400;} </style> <![endif]--> <p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Posso dizer que hoje uma sensação estranha toma conta de mim. Não sei se ‘estranha’ seria o termo adequado, poderia dizer também que é algo novo, um prazer inédito.
<br />
<br /></p><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">É o momento de olhar através do meu invólucro, perceber a que fim todo o meu ser se projeta, ir ao templo das adoráveis musas. Musas antes esquecidas, vista apenas como um grande ornamento, sem um sentido ímpar, sem sequer carregar consigo algum sentido. Foi um tormento perceber que elas estavam ali intocadas.
<br />
<br /></p><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Quis trazê-las pelas mãos e naufragar com firmeza nas emoções diárias, tolas, vãs... Observei tudo a minha volta, busquei a doce alegria daquelas sensações e prazeres; sai dali como uma criança que nasce à descoberta do mundo, onde o pasmo é essencial e as cores se apresentam num palco sem disfarces. </p> Julianahttp://www.blogger.com/profile/17839113121983473193noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-583992373897754052.post-76982694060622387122009-04-02T19:48:00.000-03:002009-04-02T19:50:23.686-03:00Poema da dúvidaSeria inútil mostrar-se?<br />Seria preciso calar-se?<br />Seria inútil sentir?<br />Seria preciso mentir?<br />Seria inútil falar?<br />Seria preciso abafar?<br />Seria preciso saber se ainda há o que falar.Julianahttp://www.blogger.com/profile/17839113121983473193noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-583992373897754052.post-82501598384005972212009-04-02T19:34:00.004-03:002009-07-06T20:41:46.161-03:00Inconstâncias...<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_HmUHiYbuqLc/SdU_As3bNZI/AAAAAAAAAEQ/aDKeVs6ZJI4/s1600-h/mudar.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 320px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_HmUHiYbuqLc/SdU_As3bNZI/AAAAAAAAAEQ/aDKeVs6ZJI4/s320/mudar.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5320227816084288914" /></a><br />Sobrevivo a inconstantes causas, desejos e mentes. Não aprendi ainda a lhe dá com todas elas, por isso meu coração torna-se pequeno e impotente. Vago por entre as palavras ditas, teorias e idéias que me escapam pelos dedos... Ainda persiste em mim um desejo insolúvel pela compreensão. Entender: eis a questão! É uma sede insaciável e assim levo minha mente inquieta às confusões e descobertas.Julianahttp://www.blogger.com/profile/17839113121983473193noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-583992373897754052.post-88666520890401003352009-03-31T12:30:00.004-03:002009-03-31T12:35:33.441-03:00A plena negação do kitschUns dez anos mais tarde (ela já morava na América), um senador americano amigo de seus amigos levou-a a passear em seu enorme automóvel. Quatro garotos estavam sentados no banco de trás. O senador parou; as crianças saíram e começaram a correr num gramado imenso, em direção a um estádio onde havia uma pista de patinação no gelo. O senador ficou ao volante olhando com ar sonhador as quatro pequenas silhuetas que corriam; virou se para Sabina: Olhe para eles!disse, fazendo com a mão um gesto amplo que abrangia o estádio, o gramado e as crianças. É isso que eu chamo de felicidade.<br /><br />Essas palavras não eram apenas uma expressão de alegria diante das crianças que corriam e da grama que crescia, era também uma manifestação de compreensão em relação a uma mulher que vinha de um país comunista em que o senador estava convencido a grama não cresce e as crianças não correm. Nesse momento, Sabina imaginou o mesmo senador no palanque de uma Praça de Praga. Em seu rosto havia exatamente o mesmo sorriso que os estadistas comunistas, do alto de seus palanques, dirigiam aos cidadãos igualmente sorridentes, que desfilavam a seus pés.<br /><br />Como podia este senador saber que crianças significavam felicidade? Enxergaria dentro de suas almas? E se três dessas crianças, quando saíssem de seu campo visual, se atirassem sobre a quarta, esmurrando-a?<br /><br />O senador tinha apenas um argumento a favor de sua afirmação: a sensibilidade. Quando o coração fala, não é conveniente que a razão faça objeções. No reino do kitsch, impera a ditadura do coração. E preciso evidentemente que os sentimentos suscitados pelo kitsch possam ser compartilhados pelo maior número possível de pessoas. Portanto, o kitsch não se interessa pelo insólito, ele fala de imagens-chave, profundamente enraizadas na memória dos homens: a filha ingrata, o pai abandonado, os garotos correndo na grama, a pátria traida, a lembrança do primeiro amor.<br /><br />O kitsch faz nascer, uma após outra, duas lágrimas de emoção.<br />A primeira lágrima diz: como é bonito crianças correndo no<br />gramado!<br />A segunda lágrima diz: como é bonito ficar emocionado, junto<br />com toda a humanidade, diante de crianças correndo no<br />gramado!<br />Somente essa segunda lágrima faz com que o kitsch seja o<br />kitsch.<br />A fraternidade entre todos os homens não poderá nunca ter outra<br />base senão o kitsch.<br /><br />Ninguém sabe disso melhor do que os políticos. Assim que percebem uma máquina fotográfica nas proximidades, correm para a primeira criança que vêem para levantá-la nos braços e beijá-la no rosto. O kitsch é o ideal estético de todos os homens políticos, de todos os partidos e movimentos políticos.<br /><br />Numa sociedade em que coexistem várias correntes políticas e em que suas influências se anulam ou se limitam mutuamente, é possível escapar da inquisição do kitsch; o indivíduo pode proteger sua originalidade e o artista pode criar obras inesperadas. Mas nos lugares em que um só partido detém todo o poder, somos envolvidos sem escapatória pelo reino do kitsch totalitário.<br /><br />Se digo totalitário é porque, nesse caso, tudo aquilo que ameaça o kitsch é banido da vida: toda manifestação de individualismo (toda discordância é uma cusparada no rosto sorridente da fraternidade), todo ceticismo (quem começa duvidando de detalhes acaba duvidando da própria vida), a ironia (porque no reino do kitsch tudo tem que ser levado a sério), e também a mãe que abandona a família ou o homem que prefere os homens às mulheres, ameaçando assim o sacrossanto amai-vos e multiplicai-vos . Sob esse ponto de vista, aquilo a que chamamos ‘gulag’ pode ser considerado como uma fossa sanitária em que o kitsch totalitário joga seus detritos.<br /><br />Trechos retirados da Insustentável Leveza do Ser - Milan KunderaJulianahttp://www.blogger.com/profile/17839113121983473193noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-583992373897754052.post-45309016807459986512009-03-10T17:08:00.000-03:002009-03-10T17:10:15.052-03:00A implosão de mentira - Afonso Romano de Sant'AnnaMentiram-me. Mentiram-me ontem<br />E hoje mentem novamente. Mentem<br />De corpo e alma, completamente.<br />E mentem de maneira sinceramente.<br /><br />Mentem, sobretudo, impune/mente.<br />Não mentem tristes. Alegremente<br />Mentem. Mentem tão nacional/mente<br />Que acham que mentindo história afora<br />Vão enganar a morte eterna/mente<br /><br />Mentem. Mentem e calam. Mas suas frases<br />Falam. E desfilam de tal modo nuas <br />E mesmo um cego pode ver <br />A verdade em trapos pelas ruas.<br /><br />Sei que a verdade é difícil<br />E para alguns é cara e escura.<br />Mas não chega à verdade<br />Pela mentira, nem à democracia<br />Pela ditadura.<br /><br />Evidente/ mente a crer <br />Nos que me mentem<br />Uma flor nasceu em Hiroshima<br />E em Auscwitz havia um circo<br />Permanente.<br /><br />Mentem. Mentem caricatual<br />Mente:<br /><br />Mentem como a careca<br />Mente ao pente,<br />Mentem como a dentadura <br />Mente ao dente,<br />Mentem como a carroça<br />À besta em frente, <br />Mentem como a doença<br />Ao doente,<br />Mentem clara/mente<br />Como o espelho transparente.<br /><br />Mentem deslavada/mente,<br />Como nenhuma lavadeira mente<br />Ao ver a nódoa sobre o linho. Mentem<br />Com a cara limpa e nas mãos <br />O sangue quente. Mentem<br />Ardente/mente como um doente <br />Nos seus instantes de febre. Mentem<br />Fabulosa/mente como o caçador que quer passar <br />Gato por lebre. E nessa trilha de mentira <br />A caça é que caça o caçador<br />Com armadilha.<br /><br />E assim cada qual <br />Mente industrial? Mente,<br />Mente partidária? Mente,<br />Mente incivil? Mente,<br />Mente tropical? Mente,<br />Mente incontinente? Mente,<br />Mente hereditária? Mente,<br />Mente, mente, mente.<br />E de tanto mentir tão brava/ mente<br />Constroem um país<br />De mentira <br /> diária/mente.Julianahttp://www.blogger.com/profile/17839113121983473193noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-583992373897754052.post-71915129680202826332009-03-08T10:06:00.004-03:002009-03-08T11:48:23.148-03:00Frenesi colorida<meta equiv="Content-Type" content="text/html; charset=utf-8"><meta name="ProgId" content="Word.Document"><meta name="Generator" content="Microsoft Word 11"><meta name="Originator" content="Microsoft Word 11"><link rel="File-List" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CADMINI%7E1%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtml1%5C01%5Cclip_filelist.xml"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" latentstylecount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><style> <!-- /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} @page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} --> </style><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:10.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-ansi-language:#0400; mso-fareast-language:#0400; mso-bidi-language:#0400;} </style> <![endif]--> <p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; font-family: trebuchet ms; text-align: justify;">Em meio às cores da realidade, ainda permaneço nas cinzas, talvez enquanto sombra que só acompanha o representar e desenrolar das cores. Atribuo a cada uma delas um valor indecifrável, uma singularidade em cada uma de suas expressões, embora algumas delas queiram imitar o brilho da outra.
<br /></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; font-family: trebuchet ms; text-align: justify;">
<br /></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; font-family: trebuchet ms; text-align: justify;">Não à toa, pois já chegaram a criar algumas conversões em que se atribuía valor maior a algumas delas, tolice! Não há nada mais belo que a manifestação de cada uma delas, por vozes, gritos e até pelo ruído de seus pares. É o que acompanho no caminho de ida e volta pra casa: as formas, corpos, faces, linhas, retas... Enfim, o emaranhado de cores e desenhos que sigo freneticamente enquanto passo nas ruas. Nas cinzas observo; perpasso pelas cenas, pelos objetos, até pelas sombras...
<br /></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; font-family: trebuchet ms; text-align: justify;">
<br /></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; font-family: trebuchet ms; text-align: justify;">O sentimento de não ser qualquer uma dessas cores é o que me esvaece. Ponho-me nas suas representações, porém sinto-me desgarrada em seu meio, mesmo que o desejo seja de encontrar-me ali de algum modo. </p> Julianahttp://www.blogger.com/profile/17839113121983473193noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-583992373897754052.post-28146928351963207932009-02-28T20:23:00.013-03:002009-07-06T20:49:41.838-03:00Devaneio Noturno<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_HmUHiYbuqLc/SanJehbUXVI/AAAAAAAAACA/QIk5rlskxoo/s1600-h/noite.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 240px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_HmUHiYbuqLc/SanJehbUXVI/AAAAAAAAACA/QIk5rlskxoo/s320/noite.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5307995162039049554" border="0" /></a><br /><br /><br /><div style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;">Perdi-me durante um tempo enquanto voltava pra casa. As casas não me pareciam familiares, eu estava no meio de uma rua deserta, meus medos então surgiram, vieram como uma torrente. Uma estranha sensação de impotência servia como um manto que me cobria por inteiro.<br /><br />Meus pés quase paralisaram diante da possibilidade de encontrar um estranho por ali, as casas pareciam me vigiar, o chão era cada vez mais escuro... Mesmo carregado de pavor, segui.<br /><br />Fechei os olhos por um instante, quis imaginar-me em outra cena, na verdade, não queria enfrentar o desconhecido. A noite sempre me causou medo, é nela que se comete os piores atos, onde o absurdo se instala e não nos deixa saída.<br /><br />Aquele momento parecia não ter um tempo preciso pra acabar; de súbito, segurei uma pedra a fim de me defender de algo que me fosse hostil. Eu não sabia que toda a hostilidade era apenas uma mera construção de minha mente, após ouvir tantos casos que acontecem à noite com um homem perdido. Até me imaginei em alguma nota de jornal do dia seguinte, onde este relatava sobre o assassinato de um homem ainda não identificado.<br /><br />Minha vida, então, terminaria em uma nota de imprensa. Eu seria apenas um número que, por ventura, foi sorteado no acaso das tragédias diárias.</div>Julianahttp://www.blogger.com/profile/17839113121983473193noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-583992373897754052.post-74029112580188674672009-02-26T21:58:00.008-03:002009-03-03T23:06:46.604-03:00Da Confiança<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_HmUHiYbuqLc/SadBZkHQZ2I/AAAAAAAAAB4/XQqpF0_xWtY/s1600-h/daily-selection037.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 284px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_HmUHiYbuqLc/SadBZkHQZ2I/AAAAAAAAAB4/XQqpF0_xWtY/s320/daily-selection037.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5307282593326065506" border="0" /></a><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family:trebuchet ms;">O trechos a seguir fazem parte da obra Máximas e Reflexões do pensador francês La </span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Rochefoucauld. É uma obra que trás à tona uma profunda observação do ser humano, seu </span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">comportamento, convívio, além de outros apectos que conduzem as complexas relações </span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">humanas.Seu pensamento é marcado por uma dosagem de pessimismo e ironia a fim de </span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">denunciar, desmacarar e criticar alguns comportamentos de sua época, porém ainda consegue, </span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">em suas mensagens, exaltar os bons sentimentos. Da confiança, tema que pessoalmente tem </span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">me instigado de forma pertinente, está presente na segunda parte desse livro (um dos </span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">prediletos de Nietzsche), onde ainda trata de temas como da incontância, dos gostos, da </span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">sociedade, dentre outros.</span><br /><br /><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Embora a sinceridade e a confiança tenham relação entre si, são, no entanto, diferentes em </span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">muitas coisas: a sinceridade é uma abertura do coração que nos mostra precisamente como </span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">somos; é um amor da verdade, uma repugnância a se disfarçar, um desejo de se compensar </span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">dos próprios defeitos e até de diminuí-los pelo mérito de confessá-los.<br /><br />A confiança não nos </span><span style="font-family:trebuchet ms;">deixa tanta liberdade, suas regras são mais estritas, pede mais prudência e recato e nem </span><span style="font-family:trebuchet ms;">sempre somos livres para dispor dela: não se trata unicamente de nós e geralmente nossos </span><span style="font-family:trebuchet ms;">interesses se mesclam com os interesses dos outros. Ela necessita de justeza para não entregar </span><span style="font-family:trebuchet ms;">nossos amigos, ao nos entregar a nós mesmos, e para não fazer presentes de seus bens com a </span><span style="font-family:trebuchet ms;">finalidade de aumentar o valor daquilo que nós damos. </span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"></span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">A confiança agrada sempre a quem recebe: é um tributo que pagamos ao mérito do outro; é </span><span style="font-family:trebuchet ms;">um depósito que fazemos à sua lealdade; são penhores que lhe dão um direito sobre nós e </span><span style="font-family:trebuchet ms;">uma espécie de dependência a que nos sujeitamos voluntariamente. Não pretendo, com o que </span><span style="font-family:trebuchet ms;">digo, destruir a confiança, tão necessária entre os homens, porquanto ele é o laço da </span><span style="font-family:trebuchet ms;">sociedade e da amizade: pretendo somente impor limites e torná-la honesta e fiel.<br /><br />Quero que </span><span style="font-family:trebuchet ms;">ela seja sempre verdadeira e sempre prudente e que não tenha fraqueza nem interesse; bem </span><span style="font-family:trebuchet ms;">sei que é difícil impor justos limites à maneira de receber toda espécie de confiança de </span><span style="font-family:trebuchet ms;">nossos amigos e fazê-los compartilhar da nossa. </span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"></span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Na maioria das vezes confiamos por vaidade, por vontade de falar, pelo desejo de atrair a </span><span style="font-family:trebuchet ms;">confiança dos outros e para trocar segredos. Há pessoas que podem ter razão em confiar em </span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">nós e com quem não teríamos razões para ter a mesma conduta; com elas saldamos nossa </span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">conta guardando seus segredos e pagando-as com pequenas confidencias.<br /><br />Há outras cuja </span><span style="font-family:trebuchet ms;">fidelidade nos é conhecida, que nada nos escondem e em quem podemos confiar por escolha </span><span style="font-family:trebuchet ms;">ou por estima. Nada do que só a nós se refere devemos ocultar delas, mostrando-nos sempre </span><span style="font-family:trebuchet ms;">verdadeiros em nossas boas qualidades e mesmo em nossos defeitos, sem exagerar as </span><span style="font-family:trebuchet ms;">primeiras nem diminuir os segundos, tendo por lei nunca lhes fazer meias confidencias; estas </span><span style="font-family:trebuchet ms;">sempre embaraçam aqueles que as fazem e quase nunca satisfazem aqueles que as recebem: </span><span style="font-family:trebuchet ms;">nós lhes transmitimos luzes confusas daquilo que queremos ocultar, aumentamos sua </span><span style="font-family:trebuchet ms;">curiosidade, lhes damos o direito de querer saber mais e eles se julgam na liberdade de dispor </span><span style="font-family:trebuchet ms;">daquilo que conseguiram saber.<br /><br />É mais seguro e mais honesto nada lhes dizer do que se calar </span><span style="font-family:trebuchet ms;">depois de ter começado a falar.</span></div>Julianahttp://www.blogger.com/profile/17839113121983473193noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-583992373897754052.post-88592241523158146842009-02-17T20:43:00.003-03:002009-02-17T20:54:17.305-03:00Sabor da burriceA música que, ultimamente, não me tem saído da mente... composição do genial Tom Zé. A burrice não escolhe causa, não possui ideologia, não exclui nada nem ninguém de seu meio. <br /><br /><br />Veja que beleza<br />Em diversas cores<br />Veja que beleza<br />Em vários sabores<br />A burrice está na mesa<br />Ensinada nas escolas<br />Universidade e principalmente<br />Nas academias de louros e letras<br />Ela está presente<br />E já foi com muita honra<br />Doutorada honoris causa<br />Não tem preconceito ou ideologia<br />Anda na esquerda, anda na direita<br />Não tem hora, não escolhe causa<br />E nada rejeita<br /><br />Veja que beleza<br />Em diversas cores<br />Veja que beleza<br />Em vários sabores<br />A burrice está na mesa<br /><br />Refinada, poliglota<br />Ela é transmitida por jornais e rádios<br />Mas a consagração<br />Chegou com o advento da televisão<br />É amigo da beleza<br />Gente feia não tem direito<br />Conferindo rimas com fiel constância<br />Tu trazes em guarda<br />Toda concordância gramaticadora<br />Da língua portuguesa<br />Eterna defensoraJulianahttp://www.blogger.com/profile/17839113121983473193noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-583992373897754052.post-76099179573057139462009-02-16T19:14:00.003-03:002009-02-16T19:20:57.324-03:00Prazeres - Bertold BrechtO primeiro olhar da janela de manhã<br />O velho livro de novo encontrado<br />Rostos animados<br />Neve, o mudar das estações<br />o jornal<br />o cão<br />a dialética<br />Tomar ducha, nadar<br />Velha música<br />Sapatos cômodos<br />Compreender<br />Música nova<br />Escrever, plantar<br />Ser amável.Julianahttp://www.blogger.com/profile/17839113121983473193noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-583992373897754052.post-56397030803121922652009-02-12T23:00:00.006-03:002009-02-12T23:14:51.572-03:00Esquecidos<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_HmUHiYbuqLc/SZTWtpRU9MI/AAAAAAAAABM/RLIzEGPTQN4/s1600-h/pergaminho.gif"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 222px; height: 320px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_HmUHiYbuqLc/SZTWtpRU9MI/AAAAAAAAABM/RLIzEGPTQN4/s320/pergaminho.gif" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5302098740982904002" /></a><br />Numa conversa de Franz com Sabina a respeito do sentimento com relação as universidades, ele diz:<br /><br /><blockquote>Numa sociedade rica os homens não têm necessidade de trabalhar com as mãos e se dedicam a atividades intelectuais. Existem cada vez mais universidades e cada vez mais estudantes. Para desenrolar seus pergaminhos é preciso que eles encontrem temas de dissertação. Existe um número infinito de temas, pois se pode falar sobre tudo e sobre<br />nada. Pilhas de papel amarelado se acumulam nos arquivos que são mais tristes do que os cemitérios porque neles não vamos nem mesmo no dia de Finados. A cultura desaparece numa multidão de produções, numa avalanche de sinais, na loucura da quantidade. Creia-me: um só livro proibido em seu antigo país significa muito mais do que os milhares de vocábulos cuspidos pelas nossas universidades.<br /><br /></blockquote><br />Fonte: A Insustentável Leveza do SerJulianahttp://www.blogger.com/profile/17839113121983473193noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-583992373897754052.post-76963332091477889282009-02-11T22:35:00.005-03:002009-02-11T23:01:13.100-03:00A terra merecida<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_HmUHiYbuqLc/SZOCqNJtRHI/AAAAAAAAABE/BQulcUYtun4/s1600-h/morte+e+vida+severina.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 218px; height: 320px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_HmUHiYbuqLc/SZOCqNJtRHI/AAAAAAAAABE/BQulcUYtun4/s320/morte+e+vida+severina.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5301724847941698674" border="0" /></a>
<br />
<br /><meta equiv="Content-Type" content="text/html; charset=utf-8"><meta name="ProgId" content="Word.Document"><meta name="Generator" content="Microsoft Word 11"><meta name="Originator" content="Microsoft Word 11"><link rel="File-List" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CADMINI%7E1%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtml1%5C01%5Cclip_filelist.xml"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" latentstylecount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><style> <!-- /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} @page Section1 {size:595.3pt 841.9pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:35.4pt; mso-footer-margin:35.4pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} --> </style><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:10.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-ansi-language:#0400; mso-fareast-language:#0400; mso-bidi-language:#0400;} </style> <![endif]--> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;">No fragmento do poema retirado da obra Morte e Vida Severina do escritor João Cabral de Mello Neto, Severino, retirante, na sua enfadonha caminhada rumo ao Recife, acompanha um enterro e escuta o discurso feito pelos amigos do morto ao chegarem ao cemitério. Tal discurso nos apresenta a imagem de um homem pobre, nordestino, que durante sua vida foi obrigado a trabalhar em terras alheias em condições precárias para garantir sua sobrevivência. A situação é um retrato da vida de milhares de homens pobres que têm sua mão-de-obra explorada de forma indiscriminada, além de manterem com seus senhores de terras relações de favor, mando e obediência, uma das razões para isso é o fato deles não possuírem os próprios meios à sua subsistência a fim de poderem viver de forma digna. O texto é, sobretudo, uma crítica a má distribuição de terras e denúncia das condições precárias pelas quais passam parte da população brasileira alijada de possuir um bem que todos deveriam ter acesso: a terra.
<br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;">
<br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><meta equiv="Content-Type" content="text/html; charset=utf-8"><meta name="ProgId" content="Word.Document"><meta name="Generator" content="Microsoft Word 11"><meta name="Originator" content="Microsoft Word 11"><link rel="File-List" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CADMINI%7E1%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtml1%5C05%5Cclip_filelist.xml"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> 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style="font-size:11;">neste latifúndio.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">- Não é cova grande.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">é cova medida,<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">é a terra que querias<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">ver dividida.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">- é uma cova grande<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">para teu pouco defunto,<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">mas estarás mais ancho<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">que estavas no mundo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">- é uma cova grande<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">para teu defunto parco,<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">porém mais que no mundo<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">te sentirás largo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">- é uma cova grande<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">para tua carne pouca,<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">mas a terra dada<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">não se abre a boca.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">- Viverás, e para sempre<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">na terra que aqui aforas:</span><span style="font-size:10;"><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">e terás enfim tua roça.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">- Aí ficarás para sempre,<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">livre do sol e da chuva,<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">criando tuas saúvas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">- Agora trabalharás<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">só para ti, não a meias,<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">como antes em terra alheia.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">- Trabalharás uma terra<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">da qual, além de senhor,<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">serás homem de eito e trator.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">- Trabalhando nessa terra,<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">tu sozinho tudo empreitas:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">serás semente, adubo, colheita.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">- Trabalharás numa terra<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">que também te abriga e te veste:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">embora com o brim do Nordeste.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">- Será de terra<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">tua derradeira camisa:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">te veste, como nunca em vida.</span><span style="font-size:10;"><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">- Será de terra<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">e tua melhor camisa:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">te veste e ninguém cobiça.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">- Terás de terra<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">completo agora o teu fato:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">e pela primeira vez, sapato.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">- Como és homem,<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">a terra te dará chapéu:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">fosses mulher, xale ou véu.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">- Tua roupa melhor<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">será de terra e não de fazenda:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">não se rasga nem se remenda.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">- Tua roupa melhor<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">e te ficará bem cingida:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style="font-size:11;">como roupa feita à medida.</span><span style="font-size:10;"><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p></p> Julianahttp://www.blogger.com/profile/17839113121983473193noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-583992373897754052.post-85021096262392606342009-02-09T23:28:00.002-03:002009-02-09T23:36:17.828-03:00Abaixo dos pés<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_HmUHiYbuqLc/SZDn4ZVadMI/AAAAAAAAAA0/YziyC95RC9c/s1600-h/%C3%A0s%2Bvezes%2Beu%2Bficopensando%2Bse%2Bpulo%2Bou%2Bn%C3%A3opulo.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 230px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_HmUHiYbuqLc/SZDn4ZVadMI/AAAAAAAAAA0/YziyC95RC9c/s320/%C3%A0s%2Bvezes%2Beu%2Bficopensando%2Bse%2Bpulo%2Bou%2Bn%C3%A3opulo.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5300991717474464962" border="0"></a><br /><meta equiv="Content-Type" content="text/html; charset=utf-8"><meta name="ProgId" content="Word.Document"><meta name="Generator" content="Microsoft Word 11"><meta name="Originator" content="Microsoft Word 11"><link rel="File-List" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CADMINI%7E1%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtml1%5C01%5Cclip_filelist.xml"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> 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class="MsoNormal">Venci</p> <p class="MsoNormal"><font style=""> </font></p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> Julianahttp://www.blogger.com/profile/17839113121983473193noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-583992373897754052.post-82002348751875139032009-02-05T22:07:00.004-03:002009-02-05T22:11:53.646-03:00O Medo - Carlos Drummond de Andrade, in A Rosa do Povo - 1945<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_HmUHiYbuqLc/SYuNyqkXaRI/AAAAAAAAAAU/TzGWOefm3rk/s1600-h/medo-2.gif"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 275px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_HmUHiYbuqLc/SYuNyqkXaRI/AAAAAAAAAAU/TzGWOefm3rk/s320/medo-2.gif" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5299485288091314450" border="0" /></a><span style="font-size:85%;"><br /><blockquote>"<span style="font-size:78%;"><strong><em>Do medo que nos toma a todos de estarmos sendo inferiore</em></strong></span><span style="font-size:78%;"><strong><em>s à nossa tarefa; ou de não conseguirmos fazer algo definitivamente útil para o nosso tempo (...)" Antônio Cândido</em></strong></span></blockquote></span><br /><p><span style="color:#000080;"><span style="font-size: 10pt;">Em verdade temos medo.<br />Nascemos escuro.<br />As existências são poucas:<br />Carteiro, ditador, soldado.<br />Nosso destino, incompleto.<br /><br />E fomos educados para o medo.<br />Cheiramos flores de medo.<br />Vestimos panos de medo.<br />De medo, vermelhos rios<br />vadeamos.<br /><br />Somos apenas uns homens<br />e a natureza traiu-nos.<br />Há as árvores, as fábricas,<br />Doenças galopantes, fomes.<br /><br />Refugiamo-nos no amor,<br />este célebre sentimento,<br />e o amor faltou: chovia,<br />ventava, fazia frio em São Paulo.<br /><br />Fazia frio em São Paulo...<br />Nevava.<br />O medo, com sua capa,<br />nos dissimula e nos berça.<br /><br />Fiquei com medo de ti,<br />meu companheiro moreno,<br />De nós, de vós: e de tudo.<br />Estou com medo da honra.<br /><br />Assim nos criam burgueses,<br />Nosso caminho: traçado.<br />Por que morrer em conjunto?<br />E se todos nós vivêssemos?<br /><br />Vem, harmonia do medo,<br />vem, ó terror das estradas,<br />susto na noite, receio<br />de águas poluídas. Muletas</span></span></p><p><span style="color:#000080;"><span style="font-size: 10pt;">do homem só. Ajudai-nos,<br />lentos poderes do láudano.<br />Até a canção medrosa<br />se parte, se transe e cala-se.<br /><br />Faremos casas de medo,<br />duros tijolos de medo,<br />medrosos caules, repuxos,<br />ruas só de medo e calma.<br /><br />E com asas de prudência,<br />com resplendores covardes,<br />atingiremos o cimo<br />de nossa cauta subida.<br /><br />O medo, com sua física,<br />tanto produz: carcereiros,<br />edifícios, escritores,<br />este poema; outras vidas.<br /><br />Tenhamos o maior pavor,<br />Os mais velhos compreendem.<br />O medo cristalizou-os.<br />Estátuas sábias, adeus.<br /><br />Adeus: vamos para a frente,<br />recuando de olhos acesos.<br />Nossos filhos tão felizes...<br />Fiéis herdeiros do medo,<br /><br />eles povoam a cidade.<br />Depois da cidade, o mundo.<br />Depois do mundo, as estrelas,<br />dançando o baile do medo.</span></span></p>Julianahttp://www.blogger.com/profile/17839113121983473193noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-583992373897754052.post-60614884113744260982009-02-05T21:55:00.003-03:002009-02-05T22:04:19.739-03:00Amores mais trágicos do que risíveis<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_HmUHiYbuqLc/SYuMGwZekaI/AAAAAAAAAAM/QPPsYmZNFYI/s1600-h/ris%C3%ADveis.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 245px; height: 320px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_HmUHiYbuqLc/SYuMGwZekaI/AAAAAAAAAAM/QPPsYmZNFYI/s320/ris%C3%ADveis.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5299483434230387106" border="0" /></a><br /><div class="mensagem_tit" id="2009_01-31_00_32_22-100541371-0"> "é triste a vida quando não se pode levar ninguém a sério", in Risíveis Amores </div> <div class="mensagem"><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="pCText pCTextMod">Considerado por Milan Kundera seu melhor trabalho, Risíveis Amores nos apresenta 7 histórias de equívocos. Todos os mal-entendidos são capazes de tranformar todos os sentimentos existentes, pois diante da estranheza enfrentada pelos personagens ao perceber o outro por um novo ângulo em circustâncias inéditas, estes mergulham numa sensação de irrealidade e, como consequência, perdem os contornos de suas emoções. A incapacidade de comunicação, com eles mesmos e entre eles, sobretudo, a falta de identificação entre seus amores impossibilita o real conhecimento, uma comunicação autêntica entre si.</p><p class="pCText pCTextMod">Em seguida um trecho dessa obra, do último capítulo intitulado 'Eduardo e Deus' :</p><p class="pCText pCTextMod" style="text-align: center;"><span style="font-size:85%;">“e viu de repente que todas as pessoas com quem convivia nessa cidade eram, na realidade, apenas linhas absorvidas numa folha de mata-borrão, seres com atitudes intercambiáveis, criaturas sem substância sólida; mas o que era pior, bem pior (disse subitamente a si mesmo), é que ele próprio não era senão uma sombra de todos esses personagens fantasmagóricos, pois esgotava todos os recursos de sua inteligência com o único objetivo de se adaptar a eles e imitá-los, e por mais que os imitasse com um riso secreto, sem levá-los a sério, por mais que se esforçasse desse modo para ridicularizá-los secretamente, isso não mudava nada, pois uma imitação, mesmo maldosa, é sempre uma imitação; mesmo uma sombra que debocha continua sendo uma sombra, uma coisa secundária, derivada, miserável".</span></p> </div>Julianahttp://www.blogger.com/profile/17839113121983473193noreply@blogger.com0